No Dia das Mães, histórias de amor, superação e fé ganham ainda mais significado. A de Flávia Pereira Lima é uma dessas que tocam fundo no coração. Pedagoga, catequista e mãe do jovem Gabriel José, ela viveu uma jornada marcada por perdas dolorosas, desafios inesperados e, acima de tudo, por um reencontro com a fé e com Maria.
“Minha mãe foi uma mulher maravilhosa. Não teve estudo, mas foi a melhor educadora que conheci”, lembra Flávia. Sueli, sua mãe, era uma pessoa generosa, de coração imenso. Pouco antes de completar 18 anos, exatamente no Dia das Mães, Flávia teve sua vida transformada pela dor: perdeu a mãe. “A partir daí começou uma história que eu nem sei explicar”, desabafa. Veio a saudade, o vazio, as perguntas sem resposta.
Aos poucos, enfrentando os desafios da juventude, Flávia se formou, passou em concurso público e começou a trabalhar na área que a mãe tanto admirava: a educação. “Ela tinha orgulho de dizer que tinha uma filha professora”, lembra.
Mas a vida ainda lhe reservaria outros desafios. Após um relacionamento difícil, veio a vontade intensa de ser mãe. “Achei que talvez isso fosse suprir a dor da ausência da minha mãe”, conta. No entanto, os diagnósticos médicos não foram animadores: seria improvável que Flávia pudesse engravidar. “Disseram que meu útero era pequeno demais para gerar um bebê. Fiz tratamentos, tentei, mas nada funcionou.”

Próximo à tradicional festa em louvor a Nossa Senhora do Rocio, outra decepção: o fim do relacionamento. “Eu tentava voltar a ter um relacionamento com Maria, mas era difícil. Me sentia sozinha, incapaz.” Ainda assim, foi na fé, mesmo ferida, que Flávia encontrou forças. E no silêncio, uma resposta. “Talvez fosse isso que faltava: silêncio. Eu falava muito com Nossa Senhora, mas não ouvia o que Ela queria me dizer.”
Foi então, durante a procissão de retorno de Nossa Senhora da Catedral ao Santuário do Rocio, que tudo começou a mudar. Flávia reencontrou um amigo, conversaram e se aproximaram. “Hoje ele é meu marido”, disse sorridente.
E foi dele que veio um gesto aparentemente simples, mas profundamente profético. “Ele me deu uma rosa e disse: ‘Essa rosa é pra você e pro nosso filho’. Na hora, eu me entristeci, porque até então tinha o diagnóstico de que não poderia ser mãe”, relembra. Ao repreendê-lo pela brincadeira, ouviu algo que nunca esqueceu: “Você que não sabe o que está dizendo. Deus me escolheu para ser o pai do teu filho.”
Durante um exame de rotina, já sem esperar por milagres, veio a notícia: Flávia estava grávida. “Eu nem pedia mais por isso. Fiz silêncio… E veio a resposta.” Gabriel José nasceu em setembro, na semana do anjo Gabriel. Um verdadeiro presente do céu.
Hoje, com 15 anos, o menino é católico, toca mais de 20 instrumentos e participa de ministérios de música na igreja. “Ele não é um remédio. Não substitui minha mãe. Mas ele é minha nova história, minha história de maternidade e muito amor.”
A fé, que por tanto tempo parecia perdida, foi restaurada. Flávia lembra de uma conversa marcante com o padre Charles, antes da morte da mãe. “Ele me disse: tudo o que você pedir com fé para Nossa Senhora, ela te atende. E eu pedi que minha mãe parasse de sofrer… E ela parou.” Nesse momento, ela entendeu que os milagres nem sempre acontecem com “efeitos especiais”, como nos filmes. “Deus vai se revelando devagar. Quando você vê, Ele já está ali.”
No abraço do filho, na música que preenche a casa, no trabalho com crianças e na pastoral, Flávia encontrou sentido. “Tenho um propósito. Hoje entendo que posso fazer diferença na vida de muitas mães e filhos. Gabriel é de Deus, para Deus. E eu sou a mãe que pedi tanto para ser.”