Na sexta-feira, 6 de setembro, o júri popular realizado no Fórum do balneário Ipanema, em Pontal do Paraná, no litoral paranaense, condenou Everton Vargas a 14 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado e porte ilegal de arma de fogo, além de uma reparação de 30 mil reais para cada genitor. O réu poderá recorrer da sentença em liberdade.
A decisão foi tomada após quatro dias de audiência, que contou com os depoimentos de testemunhas e do réu. A condenação foi proferida pela juíza de direito, Carolina Valiati da Rosa.
JULGAMENTO
Com um julgamento que iniciou na terça-feira, 3, e terminou na madrugada de sábado, 7, às 3 horas, se tornou um dos juris mais longos do estado do Paraná. Neste último dia, o julgamento teve início às 9h15 com a última das 10 testemunhas, a cunhada de Everton Vargas, a senhora Célia. Após quase 3 horas de depoimento, a audiência teve um intervalo de aproximadamente 1 hora.
No retorno, chegou a vez do réu Everton Vargas ser interrogado. Mesmo com a possibilidade de permanecer em silêncio, ele respondeu a todas as perguntas. O interrogatório durou mais de 4 horas.
Na sequência, o debate entre os advogados de defesa e acusação começou por volta das 19 horas, durando cerca de 5 horas com o veredito sendo finalizado às 3h10.
MÃE DA ISABELLY
Dona Rosania Domingos, mãe de Isabelly Cristine, foi a primeira a deixar o Forúm de Pontal do Paraná, e muito emocionada ao lado de sua família, falou sobre o que achou do resultado.
“Eu lutei bastante por justiça justa, e consegui. Ele pegou 14 anos, sendo que ele já cumpriu quatro, e como é a lei no Brasil, ele poderá recorrer em liberdade, ficar na rua. Mas tenho certeza que isso não irá ficar assim. O sangue da minha filha ainda está nas mãos dele, isso ele não pode negar, ele é o assassino da minha filha, ele foi condenado, ele não tem mérito nenhum de vitória. Nós temos a vitória, eu, meu marido, o meu filho, a doutora Thaise Mattar Assad, e eu agradeço a todos de Pontal, eu nunca desisti”, enfatizou a mãe.
ACUSAÇÃO
A acusação teve como advogada a doutora, Thaíse Mattar Assad, que após o término falou com a imprensa, e disse que o resultado foi o esperado.
“Foi exatamente os termos que nós estávamos esperando. Então, de fato, hoje nós conseguimos encerrar esse ciclo. Espero que isto traga um conforto para a família da vítima, porque a condenação criminal, nesse caso, ela é muito necessária, muito necessária, porque o que aconteceu aqui em Pontal do Paraná deixou a cidade inteira extremamente imobilizada em prol dessa condenação”, destacou.
Após o julgamento, a advogada teve seu momento com a família e descreveu o sentimento. “Eles estão extremamente enlutados, isso aqui não é um campeonato, não é um dia de vitória, é uma cerimônia fúnebre, é um dia de luto, então aqui hoje se faz justiça, mas não se sai daqui dando risada, comemorando, aqui só desfilou a dor e o sofrimento natural, então a família da senhora Rosania, do Sr. Sérgio, do Felipe, todos eles estão ainda enlutados, mas conscientes de que tudo que nós pedimos ao Conselho de Sentença veio, a justiça veio”, finalizou a dra. Thaise Mattar Assad.
DEFESA
Quem também atendeu a imprensa após o julgamento foi o advogado de defesa de Everton Vargas, o doutor Cláudio Dalledone Jr, que destacou o seu descontentamento a respeitos de como os trabalhos foram realizados, principalmente do promotor de Justiça.
“Veja, o julgamento foi um dos julgamentos mais, vamos dizer assim, excêntricos que eu tive, né? A atuação do promotor de justiça me deixou assim estupefato, né? Eu vou levar o conhecimento das autoridades, tudo que vocês assistiram, a sociedade assistiu como um todo. Ele não conseguiu nem promover a acusação. O tempo ficou dispensado. Foi uma acusação privada, e isso infringe normas”, disse o advogado.
O advogado deixou claro no final da entrevista que irá tentar anular o julgamento devido a algumas irregularidades vista por ele. “Tanto trabalho para que ele pudesse fazer com que todo esse trabalho seja nulificado. Uma votação apertada, 4 a 3. A juíza foi maravilhosa, os funcionários foram maravilhosos, a acusação andou muito mal, nulificou todo esse trabalho. O julgamento é nulo. Ele foi promovido por uma acusação privada. O promotor de justiça não fez a acusação. Acusação, deixou a assistência da acusação, os advogados privados procederem toda a acusação e a lei determina que isso não aconteça, é uma inversão tumultuária do feito, isso é uma das razões que vai anular. E a postura do promotor por várias vezes cometendo mais atos que nulificam, por exemplo, xingando o advogado, se portando de uma maneira altamente reprovável, também é motivo de nulidade”, disse o doutor Cláudio Dalledone.
RELEMBRE O CASO
O caso aconteceu em 14 de fevereiro de 2018, quando Isabelly Cristine Domingos dos Santos, retornava de uma casa de eventos, após uma gravação para seu canal no YouTube. Ela foi morta após ser atingida por um disparo na cabeça, na Alameda das Rosas, no balneário Canoas. A jovem foi encaminhada para o Hospital Regional do Litoral, em Paranaguá, mas teve a morte cerebral confirmada.
A primeira data marcada do julgamento foi em março de 2022, mas o júri foi adiado após o advogado de defesa apontar uma falha processual, que não incluiu a reconstituição do caso no processo. Em outubro do mesmo ano, uma nova sessão deveria ocorrer, mas não havia sete jurados isentos para a realização do júri.